Esqueçam o famoso “na
volta a gente compra”. As crianças fazem birra, xingam os pais e ainda ganham o
desejado presente de natal, sem se importar se os demais membros da família
conseguirão ganhar algo também. A ditadura do “eu quero, porque sim” toma cada
vez mais espaço na sociedade de consumo e a publicidade não perde tempo em
acolher seus mais fiéis clientes: as crianças.
No documentário “Criança,
A Alma do Negócio”, de Estela Renner e Marcos Nisti, são apresentados diversos
vídeos mostrando como as crianças são as maiores incentivadoras do consumismo
dentro dos lares brasileiros. Elas assistem a uma variedade de comerciais
induzindo à compra de brinquedos, roupas, sapatos e por aí vai. Elas podem não
saber ler, mas já conseguem identificar o logo do McDonalds.
Os pais por sua vez,
acabam cedendo às vontades dos pequenos; afinal, eles precisam trabalhar para
garantir um futuro melhor para seus filhos e não têm tempo para brincar com
eles. Sendo assim, começam a satisfazer seus desejos para vê-los felizes, sem
saber que estão passando a falsa impressão de que sair às compras é sinônimo de
alegria. Mas não se preocupem, a culpa não é somente de vocês, afinal, todos
estamos inseridos numa sociedade capitalista...
A satisfação em encher o
carrinho com compras é menos duradoura do que as diversas prestações do
parcelamento dos bens de consumo adquiridos. Isso explica uma sociedade
insatisfeita e “vazia” que sempre quer mais. O filme “Clube da Luta” de David
Fincher ilustra esse tema com algumas colocações válidas: “Temos trabalhos que odiamos para comprar
coisas que não precisamos.”
Assim, cada vez mais o
Natal tem presentes e menos presença. Afinal, estamos todos procurando uma
roupa bonita para passar o feriado sentado no sofá mexendo no celular. A mídia
continuará impondo o consumo, o comportamento de compra, no entanto, é algo
aprendido, e nada melhor como o exemplo dos pais dentro de casa. Retomar a
tradição de conversar com os filhos é o maior presente, afinal, independente da
religião, o espírito natalino fala é de amor.