Mais uma edição do
programa Big Brother no Brasil com muitas polêmicas e uma audiência
espetacular. Pessoas sentadas em frente à TV acompanhando os movimentos de cada
participante e vivendo as “emoções de novela” representadas pelos
participantes. Uma simples pergunta me vem à mente: “Os participantes são os “controlados”
ou os controladores?”
O termo “Big Brother”
teve origem com George Orwell em seu livro “1984”, que narrava uma sociedade
vivendo sob vigilância desse “grande irmão” que tudo vê e controla. Na
psicologia, ratos são colocados na caixa de Skinner, uma caixa de vidro, com uma
pequena abertura para a água e uma barra, a qual o animal deve pressionar para
“ganhar” a água. O rato deve aprender que para ganhar a recompensa, deve agir
de uma determinada maneira. Associando o comportamento animal ao humano, os
participantes são os ratos, enquanto o público é esse “grande irmão” operando
uma caixa de Skinner.
Discussões,
relacionamentos, competição, emoção... tudo isso acontece naturalmente. Um
grupo de pessoas reunidas apresenta também esses comportamentos pelo simples
fato de serem humanos. Relacionar-se faz parte da vida e cada um tem uma opinião
diversa sobre os mais variados conceitos. A diferença do Big Brother para a
sociedade como um todo, é que além dessas pessoas estarem competindo, elas
estão também sendo observadas.
A famosa “espiadinha”
dos participantes em um ambiente confinado os leva a reagir de uma determinada
maneira para conquistarem a empatia do público e consequentemente, o prêmio em
dinheiro. O modo como as pessoas se comportam quando estão sozinhas é diferente
de quando estão em uma “vitrine de competição”. Os “ratos” devem aprender a
melhor maneira de sobreviverem à competição. A pergunta que sempre me faço é:
“Para quê fazem isso?”
Infelizmente, a
resposta aparece no consultório. A demanda de muitos pacientes diz respeito à
falta de reconhecimento. Ela vem em forma de ansiedade, depressão, isolamento,
desmotivação e solidão. A busca pela praticidade e os avanços tecnológicos
fazem o tempo “voar” e os relacionamentos tornarem-se mais voláteis. O
comportamento aprendido é o desapego. Como consequência, as pessoas começam a sentir
falta da companhia, do cara a cara, do elogio. A falta de reconhecimento leva à
angústia de viver sem ser notado. É aí que a busca pela atenção se transforma
em entretenimento... e mais tristeza.