Com o fim do carnaval, o
ano oficialmente começou no Brasil. É hora de encontrar as contas, os boletos e
o que restou do salário. Deixar de lado o gliter e as fantasias para encarar o
trabalho e a responsabilidade de continuar pagando impostos exorbitantes e
criticar o governo nas redes sociais. Imagine se toda aquela multidão
carnavalesca se reunisse para votar de maneira consciente neste ano?
“Quanto riso, quanta
alegria” seria um povo com educação e saúde de qualidade. Os palhaços no salão
passariam a ser os políticos que tentar esconder dinheiro na cueca, no
apartamento ou na compra de um tríplex. Onde estão agora aqueles foliões
animados e unidos na hora de protestar nas urnas eletrônicas?
“Que tiro foi esse” que o
povo tanto cantou, mas não enxergou? Nas ruas do Rio de Janeiro houve assaltos,
arrastões e as balas perdidas que continuaram a encontrar novas vítimas, mas a
música alta distraía o povo alegre demais para se preocupar. Aliás, são apenas
alguns dias de festa onde se pode vestir e agir como quiser, porque tudo é
permitido. A ideia é aproveitar ao máximo essa “liberdade” antes da chegada do
ano novo brasileiro.
O feriado mal terminou e
já se pensa no próximo. A concentração está toda na Copa do Mundo, em vez de
nas eleições presidenciais. Tudo para fugir da rotina e dos aborrecimentos
cotidianos de um pobre assalariado, que inclusive deveria estar focado é na
reforma trabalhista para não precisar se vestir de palhaço desempregado no
próximo carnaval.
Festejar é preciso sim,
mas não se pode deixar cegar pela máscara da ignorância política. De nada
adianta criticar o presidente na escola de samba e justificar seu voto depois.
Cada coisa tem seu tempo e agora é hora de trabalhar pelos direitos
trabalhistas, pela saúde, pela educação, pela segurança pública... Quantos
outros tiros ainda deverão ser dados para que o povo ouça o caos por trás dos
trios elétricos? “Vai, malandra!”, é hora de mexer o “popozão” e fazer valer
sua liberdade de expressão política também.