Somos carentes. Vivemos da falta, do vazio, da saudade.
Sempre temos aquele “buraco” para preencher. Chamamos de fome, sono, paixão,
saudade... menos de carência. Isso porque não queremos admitir esse sentimento.
Preferimos viver preenchendo-o com doces, novelas e relacionamentos curtos do
que reconhecer que esse buraco é parte de nós.
Acredite: todos têm esse vazio. Tal pode ser visto na constante
busca da tal da felicidade. Ninguém a alcançada, pois ela é a completude em si.
Buscar a felicidade é querer sentir-se completo, é atingir a perfeição. Em
última análise, é utópico.
Essa falta é útil. Tal espaço pode ser preenchido por
diversas coisas, variando com cada situação. Pode ser um abraço de um amigo que
mora longe, aquele bolo de cenoura da sua mãe ou simplesmente a companhia dos
amigos no fim de semana.
A felicidade nunca será alcançada, pois ela acontece
constantemente cada vez que encontramos algo para preencher temporariamente
esse vazio. É clichê porque é verdade: a felicidade está nas pequenas coisas.
Só não enxergamos isso porque buscamos a grandeza, queremos sempre mais,
desejamos o melhor.
Já dizia Freud: “Nós poderíamos ser muito melhores se não
quiséssemos ser tão bons.” Não procurar é aprender a viver, é conseguir
entender que a felicidade não é o pote de ouro, mas sim o próprio arco-íris.
Ela é o eterno equilíbrio de preencher e esvaziar aquele “buraco” no peito para
poder completá-lo temporariamente com o que você necessita no momento. É
saber-se carente e abraçar essa falta, que é cheia dela mesma.