Atualmente
existem mais de 50 mil publicações de fotos do livro de colorir “Jardim
Secreto” no Instagram. Mas por que um simples livro de colorir anda fazendo
tanto sucesso? O segredo desse jardim é seu público: quem anda colorindo são os
adultos.
A velha
brincadeira de criança tomou conta das redes sociais e se tornou um “fenômeno”.
O motivo? Colorir é uma atividade lúdica. Segundo o psicanalista Winnicott: “É
no brincar, e somente no brincar, que o indivíduo, criança ou adulto pode ser
criativo e utilizar sua personalidade integral: e é somente sendo criativo que
o indivíduo descobre o eu (self).”
Além de
descobrir seu eu e desenvolvê-lo, a atividade lúdica, ou o brincar, tem um
efeito “antiestresse”, servindo como válvula de escape para a correria
cotidiana. Um livro em preto e branco lhe dá diferentes possibilidades de
preenchimento dos vazios: os do livro com cores e o vazio interior com
criatividade.
A retomada da
atividade infantil pode ser vista como uma fuga à infância, período geralmente
subestimado pelos adultos. Há estudiosos que justificam esse fenômeno pelo fato
de a escola “matar” a criatividade. No ambiente escolar as disciplinas
valorizadas são aquelas cobradas no vestibular, enquanto as artes e a educação
física ficam em segundo plano. Assim, crescemos desvalorizando esse espaço
artístico, o que faz falta mais tarde.
A grande fuga dos
adultos está nas artes: cinema, literatura, música e pintura. Quem nunca ouviu
uma música para relaxar? Ou assistiu a algum filme e “esqueceu” da vida durante
duas horas? Winnicott dizia que a atividade lúdica é prazerosa e tem a
capacidade de entreter o indivíduo em um clima de entusiasmo. É por isso que
colorir é tão “viciante”.
Por fim, brincar
é bom, pois é uma maneira de canalizar a frustração do dia a dia sem ferir
alguém. É uma possibilidade de deixar a raiva e o estresse fluírem
naturalmente, de uma maneira socialmente aceitável, além de sentir-se
pertencente ao grupo das pessoas que buscam essa forma de prazer.
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