sábado, 11 de abril de 2015

Cinquenta tons de sexualidade



O livro “Cinquenta tons de cinza” está entre os mais lidos atualmente. Trata-se da história de um homem bem-sucedido que se envolve com uma jovem estudante. Do ponto de vista psicológico, é o relacionamento entre um sádico e uma masoquista. Ele gosta de provocar dor, e ela sente prazer com esse sofrimento.

No entanto, não pretendo falar sobre o relacionamento sadomasoquista, e sim sobre as diferentes preferências.  Aquele velho clichê de que “gosto não se discute” se encaixa aqui. Cada um tem uma preferência por um tipo de música, um barzinho e assim também é para relacionamentos. A questão está na dificuldade em aceitar a diversidade, razão pela qual muitas pessoas sofrem escondendo-se e defendendo-se do mundo.

Sem perceber, pessoas se identificam com uma ficção e vêem nela uma oportunidade para falar sobre sexo sem se expor pessoalmente. Tornamo-nos voyers; assistimos a filmes, lemos livros e vemos indivíduos expondo suas preferências sexuais e gostamos disso. Sentimos orgulho dessa liberdade de expressão alheia e até a tomamos como nossa própria luta.

Tal expressão só é possível porque existe a vergonha. Vergonha de se expor, de ser julgado e criticado. Essa vergonha une-se ao medo de ser diferente, conceitos criados para controle social. Aprendemos a não reconhecer nossas qualidades. Quem exibe seus talentos é visto como arrogante, metido. Assim, só vemos nossos defeitos e erros, ou seja, quaisquer características que destoam do senso comum.

Deste modo, a sociedade é cinza. Qualquer outra cor gera discussão e é por isso que necessitamos nos refugiar na ficção para colorir a vida; a arte dá liberdade às nossas expressões, e só quem se identifica com ela entende seu significado.

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