O livro “Cinquenta tons de cinza” está entre os mais lidos
atualmente. Trata-se da história de um homem bem-sucedido que se envolve com
uma jovem estudante. Do ponto de vista psicológico, é o relacionamento entre um
sádico e uma masoquista. Ele gosta de provocar dor, e ela sente prazer com esse
sofrimento.
No entanto, não pretendo falar sobre o relacionamento
sadomasoquista, e sim sobre as diferentes preferências. Aquele velho
clichê de que “gosto não se discute” se encaixa aqui. Cada um tem uma
preferência por um tipo de música, um barzinho e assim também é para
relacionamentos. A questão está na dificuldade em aceitar a diversidade, razão
pela qual muitas pessoas sofrem escondendo-se e defendendo-se do mundo.
Sem perceber, pessoas se identificam com uma ficção e vêem
nela uma oportunidade para falar sobre sexo sem se expor pessoalmente.
Tornamo-nos voyers; assistimos a filmes, lemos livros e vemos
indivíduos expondo suas preferências sexuais e gostamos disso. Sentimos orgulho
dessa liberdade de expressão alheia e até a tomamos como nossa própria luta.
Tal expressão só é possível porque existe a vergonha.
Vergonha de se expor, de ser julgado e criticado. Essa vergonha une-se ao medo
de ser diferente, conceitos criados para controle social. Aprendemos a não
reconhecer nossas qualidades. Quem exibe seus talentos é visto como arrogante,
metido. Assim, só vemos nossos defeitos e erros, ou seja, quaisquer
características que destoam do senso comum.
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