Na semana passada, um menino de oito anos foi algemado na
escola por um policial por “não parar quieto”. A ignorância de um transtorno
psicológico e a falta de preparo resultaram em um episódio agressivo que chocou
o público. A criança não conseguia ficar quieta, pois tem transtorno de déficit
de atenção e hiperatividade, o TDAH.
Esse transtorno é caracterizado pela desatenção,
hiperatividade e impulsividade, e pode afetar a conduta emocional, a adaptação
social e até o rendimento escolar. O TDAH tem fatores genéticos, portanto não
adianta algemar uma criança; a agitação é própria da pessoa.
Pesquisas apontam a prevalência de 3
a 5% de
adolescentes com esse transtorno na idade escolar. O TDAH associa-se ao risco
do aumento de mau desempenho na escola; dificuldades de relacionamento com
familiares, colegas e amigos além do desenvolvimento de ansiedade, baixa
autoestima, problemas de conduta e uso precoce de drogas. Estudos apontam uma
prevalência do TDAH na vida adulta entre 30% e 70%, fato que indica ser de
fundamental importância o diagnóstico precoce e a capacitação de pais e
educadores para a prevenção de comorbidades futuras.
Quando o transtorno continua explícito na idade adulta, os
sintomas mais comuns são dificuldade de organizar e planejar as atividades do
dia a dia, tendência a ficar “estressado” quando se vê sobrecarregado, não
terminar trabalhos, dificuldade para realizar sozinho suas tarefas e
dificuldade de concentração para leitura ou assistir palestras.
O diagnóstico é clínico e pode ser realizado por um
neurologista, psiquiatra ou psicólogo, com o auxilio dos pais e da escola, e
deve ser contextualizado, levando-se em conta os comportamentos em cada
ambiente onde a pessoa encontra-se inserida. Deve-se observar os sintomas
considerando sua duração, frequência e o grau de prejuízo causado.
Ao invés de tentar conter uma criança por sua agitação,
deve-se tentar focar tal energia em atividades físicas, onde o sujeito pode ser
“hiperativo” à vontade. A dificuldade de concentração pode acompanhar a pessoa
durante toda a sua vida, mas é possível concluir uma tarefa que seja dividida
em diversos passos intercalada com outras atividades, assim o indivíduo faz
diferentes coisas em intervalos curtos, conseguindo focar-se pelo menos durante
alguns minutos.
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