sábado, 1 de agosto de 2015

Falta concentração, sobra energia


Na semana passada, um menino de oito anos foi algemado na escola por um policial por “não parar quieto”. A ignorância de um transtorno psicológico e a falta de preparo resultaram em um episódio agressivo que chocou o público. A criança não conseguia ficar quieta, pois tem transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, o TDAH.
Esse transtorno é caracterizado pela desatenção, hiperatividade e impulsividade, e pode afetar a conduta emocional, a adaptação social e até o rendimento escolar. O TDAH tem fatores genéticos, portanto não adianta algemar uma criança; a agitação é própria da pessoa.
Pesquisas apontam a prevalência de 3 a 5% de adolescentes com esse transtorno na idade escolar. O TDAH associa-se ao risco do aumento de mau desempenho na escola; dificuldades de relacionamento com familiares, colegas e amigos além do desenvolvimento de ansiedade, baixa autoestima, problemas de conduta e uso precoce de drogas. Estudos apontam uma prevalência do TDAH na vida adulta entre 30% e 70%, fato que indica ser de fundamental importância o diagnóstico precoce e a capacitação de pais e educadores para a prevenção de comorbidades futuras.
Quando o transtorno continua explícito na idade adulta, os sintomas mais comuns são dificuldade de organizar e planejar as atividades do dia a dia, tendência a ficar “estressado” quando se vê sobrecarregado, não terminar trabalhos, dificuldade para realizar sozinho suas tarefas e dificuldade de concentração para leitura ou assistir palestras.
O diagnóstico é clínico e pode ser realizado por um neurologista, psiquiatra ou psicólogo, com o auxilio dos pais e da escola, e deve ser contextualizado, levando-se em conta os comportamentos em cada ambiente onde a pessoa encontra-se inserida. Deve-se observar os sintomas considerando sua duração, frequência e o grau de prejuízo causado.
Ao invés de tentar conter uma criança por sua agitação, deve-se tentar focar tal energia em atividades físicas, onde o sujeito pode ser “hiperativo” à vontade. A dificuldade de concentração pode acompanhar a pessoa durante toda a sua vida, mas é possível concluir uma tarefa que seja dividida em diversos passos intercalada com outras atividades, assim o indivíduo faz diferentes coisas em intervalos curtos, conseguindo focar-se pelo menos durante alguns minutos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário