No domingo passado
houve votação para decidir a procedência do processo de impeachment contra a
presidente do Brasil. Mais importante que o resultado, foi saber que há ainda
liberdade de expressão. O mais triste no entanto, foi ver que não há respeito para
com a diferença de opinião. Ao invés de “sim” ou “não”, precisou-se reafirmar
as críticas aos opositores, transformando uma sessão da câmara em lavanderia. Portanto,
em qualquer discussão, vai ter ódio.
Um grupo é formado por
pessoas que compartilham uma ideologia e seu
objetivo é reunir-se para fazer algo, geralmente encontrar a resolução para um
problema comum a todos os membros. Wilfred Bion, psicanalista britânico, diz
que um grupo se reúne em torno de um líder idealizado, que será capaz de
promover amparo, força e proteção aos membros, com a esperança de uma resolução
futura para os problemas atuais, que serão combatidos.
O grupo
funciona pela repetição da ideia, do discurso e da postura; ele repete o
comportamento de seu representante, de modo a reforçar seu objetivo. Juntamente
com a repetição, vem a valorização dos interesses coletivos sobre os
individuais. Segundo Freud (1921), essas atitudes da “mente grupal” mostram a
dependência existente entre o líder e os membros de um grupo.
Desse
modo, o representante funciona como um modelo para os demais. Assim
como crianças aprendem por observação e imitação, também o fazemos quando
inseridos em organizações sociais. A falta de
respeito por parte dele gera a repetição desse comportamento, como observado
nas ruas, redes sociais e até mesmo na votação. A agressividade nas palavras e
a falta de ética nas atitudes foram reproduzidas de tal modo que a ansiedade
está generalizada e o estado de ódio, instalado.
Foi preciso que
houvesse manifestações a nível nacional e que alguém pedisse o impeachment para
que pudéssemos chegar à votação de domingo, assim como foi necessário que um
representante incitasse a falta de respeito para que os demais repetissem seu (mau)
exemplo. Portanto, mais preocupante do que o impasse político, é o desrespeito
pela diferença de opinião, que acaba por alienar, tirando o foco do mais
importante e fragilizando as relações humanas.