Reduzir, reutilizar,
reciclar... lema que deveria ser aplicado apenas aos bens de consumo passou a
ser utilizado também nas relações sociais. Cada vez menos amigos, mais colegas do
trabalho temporário, maior quantidade de “relacionamentos abertos”... Bem
vindos à era do desapego!
Atualmente se prega a
prática do desapego e a independência emocional... tudo que diminua o
sofrimento. Devemos nos valorizar, ser otimistas e independentes, então é
melhor nem pensar em depender dos outros para sermos felizes, certo? Na verdade, não é bem assim...
O psiquiatra e psicanalista
John Bowlby considera o apego como uma característica inerente ao ser humano e
tem por função a necessidade de proteção e segurança. Em sua teoria, o bebê
desenvolve um comportamento de apego para com o cuidador, desenvolvendo maior
vínculo conforme esse cuidador responde ao bebê satisfazendo suas necessidades
básicas.
O psicanalista Donald Winnicott
complementa essa teoria com o conceito de “mãe suficientemente boa”, ou seja,
aquela atenta e capaz de compreender as necessidades da criança e corresponder
a elas. De modo geral, se a mãe é suficientemente boa, há criação de um bom
vínculo e consequentemente de um apego seguro, caso contrário, existe o apego
inseguro. Em suma, crianças com apego seguro apresentam maior autoconfiança na
vida adulta.
Esse vínculo entre mãe
e bebê é construído e desenvolvido de modo que a criança consiga sentir
segurança quando o cuidador não está por perto. A criança passa a entender que
os pais saíram, mas voltarão para casa depois do trabalho, criando um ambiente
confiante. Quando há o apego inseguro, ora o cuidador atende às necessidades do
bebê, ora as ignora, não desenvolvendo um padrão de resposta para os
comportamentos da criança, levando ao desenvolvimento de insegurança.
Portanto, esse apego seguro
é essencial para a criação de vínculos e desenvolvimento da noção de
autoconfiança do indivíduo. Quanto ao desapego, que ele seja praticado com
todas aquelas “bugigangas” que guardamos no fundo do armário há anos com dó de
jogar fora.
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