O espanto diante do inesperado nos
faz perder o rumo. Ficamos chocados diante da fragilidade da vida, que pode se
acabar em questão de minutos. O falecimento de um ator logo se tornou a “dor”
de todos os espectadores, mesmo esses não conhecendo o homem por trás do
personagem. Apesar de sabermos da existência das perdas, elas sempre nos
“pegam” desprevenidos...
A verdade é que não somos educados
para perder. Já nascemos sendo o “bebê mais lindo”, “o mais esperto”. Crescemos
acreditando sermos especiais e buscando sempre o reconhecimento tão merecido de
vencedor. Perder é uma palavra inaceitável, seja em um jogo de futebol ou em um
relacionamento.
A perda de um ente querido ou de
algo que tenha extrema importância em nossa vida nos leva ao chamado luto, como
disse Freud. Para Kovács, a perda envolve sentimentos e a expressão desses é
essencial no processo de elaboração do luto. Mas como expressar essa angústia
se nem sabemos ao certo lidar com ela?
O padrão do bom
comportamento na atualidade, que prega o autocontrole e a não demonstração de
sentimentos, tem repercussões críticas, levando a pessoa a negar a perda e esconder
sua tristeza. Acontece que essa não expressão dos sentimentos pode levar o
indivíduo ao desenvolvimento de quadros depressivos.
Quando uma morte
inesperada se faz presente em nossas vidas, somos forçados a lidar com o fato
de que às vezes nós perdemos. Elizabeth Bishop escreveu “A arte de perder”,
poema no qual narra pequenos lutos cotidianos aos quais não nos atentamos pelo
simples fato de negá-los. Nunca sabemos quando será nosso último mergulho, mas
precisamos aceitar que um dia ele se fará presente.