sábado, 10 de setembro de 2016

Quando o balanço vira forca


Há cerca de dois meses, um empresário tirou a própria vida após ser obrigado a demitir mais de 200 funcionários devido à crise financeira do país. A demissão em massa foi vista como motivo de vergonha e culpa por não conseguir driblar a dificuldade. Os noticiários locais exibiam a notícia, mas como disse Chico Buarque: “A dor da gente não sai no jornal.”
O “setembro amarelo” aparece para discutir esse tabu e prevenir esse problema de saúde pública no país. O suicídio pode ter diversas “motivações”. O desejo de morrer – ou desistir de viver – pode nascer da dificuldade de lidar com as perdas. A perda de um membro corporal, que lhe impede de continuar exercendo sua profissão; a perda de um status, que lhe impede de continuar crescendo profissionalmente...
O ser humano não está preparado para lidar com as perdas. Em alguns casos, a ligação da pessoa com o objeto perdido – este pode ser uma pessoa, um emprego ou qualquer coisa importante em sua vida – é tamanha que o indivíduo não consegue se desvencilhar dele, ou seja, não o quer deixar partir. Quando isso acontece, a pessoa vê que parte dela morreu juntamente com o objeto, em outras palavras, a pessoa perdeu parte de si.
A maioria de nós não tem pressa para morrer, no entanto, algumas vêem esse fim como única saída. Enquanto alguns vêem da corda um balanço, outros a vêem como uma forca. Uma das características que define como a pessoa enxerga essa corda é a resiliência, ou seja, a capacidade de lidar com as adversidades de maneira positiva.

O problema é que somos educados para vencer. Qualquer perda é sinônimo de derrota ou fracasso, ainda que tenha sido influenciado por fatores externos, como a economia. A frustração e a angústia levam o indivíduo a procurar a saída mais silenciosa para que sua dor não apareça no jornal, mas a notícia está lá. A esperança é que há prevenção, e precisamos falar sobre suicídio.

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