Há cerca de dois meses,
um empresário tirou a própria vida após ser obrigado a demitir mais de 200
funcionários devido à crise financeira do país. A demissão em massa foi vista
como motivo de vergonha e culpa por não conseguir driblar a dificuldade. Os
noticiários locais exibiam a notícia, mas como disse Chico Buarque: “A dor da
gente não sai no jornal.”
O “setembro amarelo” aparece
para discutir esse tabu e prevenir esse problema de saúde pública no país. O
suicídio pode ter diversas “motivações”. O desejo de morrer – ou desistir de
viver – pode nascer da dificuldade de lidar com as perdas. A perda de um membro
corporal, que lhe impede de continuar exercendo sua profissão; a perda de um
status, que lhe impede de continuar crescendo profissionalmente...
O ser humano não está
preparado para lidar com as perdas. Em alguns casos, a ligação da pessoa com o
objeto perdido – este pode ser uma pessoa, um emprego ou qualquer coisa
importante em sua vida – é tamanha que o indivíduo não consegue se desvencilhar
dele, ou seja, não o quer deixar partir. Quando isso acontece, a pessoa vê que
parte dela morreu juntamente com o objeto, em outras palavras, a pessoa perdeu
parte de si.
A maioria de nós não
tem pressa para morrer, no entanto, algumas vêem esse fim como única saída.
Enquanto alguns vêem da corda um balanço, outros a vêem como uma forca. Uma das
características que define como a pessoa enxerga essa corda é a resiliência, ou
seja, a capacidade de lidar com as adversidades de maneira positiva.
O problema é que somos
educados para vencer. Qualquer perda é sinônimo de derrota ou fracasso, ainda
que tenha sido influenciado por fatores externos, como a economia. A frustração
e a angústia levam o indivíduo a procurar a saída mais silenciosa para que sua
dor não apareça no jornal, mas a notícia está lá. A esperança é que há
prevenção, e precisamos falar sobre suicídio.
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