Brasil. França.
Síria. Nos últimos meses, vê-se uma corrente de orações nas redes sociais por
todas as vítimas dos acontecimentos em diversos países do mundo. A intenção é
boa, o fato de chamar a atenção para as tragédias ajuda na conscientização, as
pessoas têm a liberdade de expressão... mas isso não muda o que aconteceu.
Não é que não valha a
pena discutir a luta pela paz, pelos direitos humanos e pela justiça. A questão
é que a discussão fica apenas em alguns caracteres de uma rede social. Ela não
sai do papel, e isso não faz diferença na prática.
A oração faz bem. Ela
nos fortalece quando pensamos não ter mais força para lutar e seguir em frente.
Assim, sentindo-nos mais fortes, voltamos a acreditar em nós mesmos e vamos à
luta, consequentemente fazendo acontecer. Portanto, não adianta apenas rezar
por esses países e não fazer algo para realmente ajudar. As pessoas da tragédia
de Mariana precisam de água potável. A resolução de um dos problemas da
população é simples: doe água. Isso faz a diferença.
Se pensarmos que foi
exatamente a oração excessiva de terroristas islâmicos que ajudou esses
intolerantes religiosos a terem força espiritual para amarrarem bombas em seus
corpos e explodirem locais públicos em Paris, as correntes de oração do
Facebook parecem não fazer mais tanto sentido.
Os moradores de Paris
precisam de segurança. Os refugiados sírios precisam de teto. Os moradores de
Mariana precisam de água. O que falta no mundo além da oração, é ação. Falta
respeito acima de tudo. Respeito pelas diferenças religiosas, políticas e
culturais.
Não são as imagens
das bandeiras de Minas Gerais e da França nas fotos do Instagram que irão
amenizar o luto dos familiares e amigos das vítimas. O luto estampado nas redes
sociais não deve ser pelas vítimas, mas pelo respeito que morre a cada
comentário racista e intolerante. Se estiver realmente abalado por tais
tragédias, faça algo para que a liberdade seja respeitada.