Foi-se o tempo em que as crianças pediam bonecas e carrinhos de presente. Elas querem celular, tablets, vídeo games... A infância aparenta durar bem menos nos dias atuais. Os pequenos vestem-se (ou são vestidos) como adultos e são educados a agir como “homenzinhos” e “moçinhas”. Onde foram parar as brincadeiras de pique-esconde e pega-pega?
Até por volta do século XII, o conceito de infância praticamente não existia, já que as crianças eram vistas como pequenos adultos. Tal fase da vida passou então a assumir um aspecto cultural quando a infância começou a ser considerada uma etapa de grande desenvolvimento físico e psíquico na vida da pessoa.
A criança é um ser em desenvolvimento psicomotor e necessita do movimento, da convivência, da brincadeira. Crianças nascem praticamente já sabendo mexer no celular. Aos cinco anos já falam português, inglês e espanhol. Aos dez, têm a agenda mais cheia que um adulto; escola, aula de inglês, natação, judô, aulas de reforço escolar, hora cronometrada para as refeições e para o lazer (isso é, se sobrar tempo para este).
Estamos acabando com o bem mais precioso: a criatividade. Ao definir compromissos em horários cronometrados, não damos espaço para a criança brincar e consequentemente, criar. Na concentração em uma simples brincadeira de bonecas, crianças inventam histórias e definem papéis, criando um universo lúdico. Ao jogar um jogo de tabuleiro, crianças podem aprender matemática simplesmente contando quantas casas devem mover suas peças. É necessário mais prática, menos teoria.
Crescer é um processo longo e as etapas do desenvolvimento devem ser respeitadas. Os pequenos terão muito tempo para concentrarem-se em fórmulas e debruçarem-se em livros de ciências. Daqui a pouco já serão jovens adultos com suas agendas lotadas de reuniões de trabalho e compromissos “sócio-econômico-culturais”. Limitar a criatividade e estimular demasiadamente o controle em uma fase de desenvolvimento da criança a torna um adulto estressado e infeliz. Há de se agir de maneira mais saudosista e retomar os valores das brincadeiras infantis enquanto ainda é tempo de se divertir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário