sábado, 3 de dezembro de 2016

Black Friday e a promoção do que eu não preciso



Vivemos na época do exagero, do descontrole. Extrapolamos demonstrações de afeto e limites no cartão de crédito. As redes sociais estão estampadas com fotos e declarações e no carrinho de compras cabem todos os itens com algum desconto. Compra-se sem saber se realmente é útil, mas pelo simples fato de “é bom ter, vai que um dia precise”. Talvez fosse necessário comercializar o bom senso...
Há quem explique essa demanda do exagero como uma “crise de identidade generalizada”. Sente-se um vazio e logo procura-se algo para amenizar essa falta. Antes mesmo de se interpretar tal ausência, já existe uma gama de oportunidades práticas que prometem diminuir esse “buraco” e adivinhe, todo mundo está “comprando” essa ideia!
A “Black Friday”, ou também conhecida comicamente entre psicanalistas por “histeria generalizada”, vende a ideia de pertencimento à sociedade, e quem não quer fazer parte de um grupo? O problema é que as pessoas têm pressa em “se encaixar” e serem reconhecidas, portanto agem sem pensar e desconsideram suas próprias necessidades em prol da conquista de uma felicidade artificial compartilhada momentaneamente.
A satisfação em encher o carrinho com compras é menos duradoura do que as diversas prestações do parcelamento dos bens de consumo adquiridos. Isso explica uma sociedade insatisfeita e “vazia” que sempre quer mais. O filme “Clube da Luta” de David Fincher ilustra esse tema com algumas colocações válidas: “Temos trabalhos que odiamos para comprar coisas que não precisamos.” e “O que você possui acaba te possuindo.”

A saída dessa “histeria generalizada” é, mais uma vez, o autoconhecimento. Saber o que se quer, do que se gosta e o que não suporta leva o indivíduo a compreender que comprar só porque está na promoção não faz sentido se não tem utilidade para ele. Onde está aquela independência que tanto se busca quando se aceita sem pensar qualquer imposição publicitária?

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