Vivemos na época do
exagero, do descontrole. Extrapolamos demonstrações de afeto e limites no
cartão de crédito. As redes sociais estão estampadas com fotos e declarações e
no carrinho de compras cabem todos os itens com algum desconto. Compra-se sem
saber se realmente é útil, mas pelo simples fato de “é bom ter, vai que um dia
precise”. Talvez fosse necessário comercializar o bom senso...
Há quem explique essa
demanda do exagero como uma “crise de identidade generalizada”. Sente-se um
vazio e logo procura-se algo para amenizar essa falta. Antes mesmo de se
interpretar tal ausência, já existe uma gama de oportunidades práticas que
prometem diminuir esse “buraco” e adivinhe, todo mundo está “comprando” essa
ideia!
A “Black Friday”, ou
também conhecida comicamente entre psicanalistas por “histeria generalizada”,
vende a ideia de pertencimento à sociedade, e quem não quer fazer parte de um
grupo? O problema é que as pessoas têm pressa em “se encaixar” e serem
reconhecidas, portanto agem sem pensar e desconsideram suas próprias
necessidades em prol da conquista de uma felicidade artificial compartilhada
momentaneamente.
A satisfação em encher
o carrinho com compras é menos duradoura do que as diversas prestações do
parcelamento dos bens de consumo adquiridos. Isso explica uma sociedade
insatisfeita e “vazia” que sempre quer mais. O filme “Clube da Luta” de David
Fincher ilustra esse tema com algumas colocações válidas: “Temos trabalhos que odiamos para comprar
coisas que não precisamos.” e “O que você possui acaba te possuindo.”
A saída dessa “histeria
generalizada” é, mais uma vez, o autoconhecimento. Saber o que se quer, do que
se gosta e o que não suporta leva o indivíduo a compreender que comprar só
porque está na promoção não faz sentido se não tem utilidade para ele. Onde está
aquela independência que tanto se busca quando se aceita sem pensar qualquer
imposição publicitária?
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