sábado, 19 de dezembro de 2015

À procura de Geni


Desastres naturais, intolerância, enfermidades, corrupção... em tempos de catástrofes é até difícil ter o espírito natalino... a única ponta de esperança que ainda nos deixa de pé é a possível vinda de um salvador... porque ninguém sabe como quebrar esse círculo vicioso de destruição.
O filme “Melancolia” de Lars Von Trier retrata o fim do mundo quando um planeta está prestes a se chocar contra a Terra. O nome desse planeta é semelhante ao título do filme que é também um estado psíquico de ânimo doloroso, segundo Freud (1915). De modo geral, melancolia é a perda total do interesse no mundo exterior o que leva a um torpor de emoções. Em palavras cotidianas, é o completo vazio existencial.
A constante exposição à violência, à falta de respeito e às mortes levam a um sentimento de frieza. A princípio, evita-se olhar o morador de rua até perceber que há outro no próximo quarteirão. O sentimento de culpa que a princípio temos pelas injustiças sociais se transformam em frieza para que nosso consciente não sofra com essa punição inconsciente de que “eu poderia fazer algo para mudar isso.” Assim, o comportamento de fuga e o sentimento de frieza constante levam a um desgaste emocional; não há mais investimento psíquico em algo sem retorno. Entra-se então em um marasmo, mais conhecido como vazio.
A era da informação, da rapidez e da falta de tempo contribuem para a indiferença. O clichê: “Isso é coisa de adolescente” implica que todo jovem é igual e que essa fase vai passar, nem adianta tentar conversar. Coloca-se a culpa na idade e distrai-se trabalhando sem parar. O trabalho virou fuga, não apenas fonte de sustento. Com o crescente desemprego, as pessoas foram obrigadas a voltar a ver o que tentavam esquecer fechando o vidro do carro para a pessoa pedindo esmola.

Apesar desse vazio, a culpa permanece em nós, mas não conosco; a transferimos para outras pessoas, assim como também projetamos a esperança de salvação. No fundo, queremos mudar a situação, mas não temos força para começar, pois aprendemos a desviar a atenção do que nos incomoda. É então que em meio a tantas tragédias, busca-se um “salvador”. A simbologia do Natal nos faz querer renovar essa força interior, essa esperança de que senão Jesus, ao menos qualquer Geni possa nos redimir do temível zepelim.

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