Já dizia Rita Lee:
“Sexo frágil/Não foge à luta”. No dia 25 de novembro foi comemorado o dia
internacional da não violência contra a mulher. Em meio às diversas
manifestações relacionadas à chamada “Primavera das Mulheres”, milhares de
mulheres utilizaram #MeuAmigoSecreto nas redes sociais para denunciar o
machismo cotidiano.
De acordo com a
ONU Mulheres (2015), a Central de Atendimento à Mulher - Ligue 180 realizou
634.862 atendimentos neste ano, dos quais, 63.090 foram relatos de violência. A
Lei Maria da Penha foi uma importante conquista,
mas apesar de quase todas as pessoas terem conhecimento dela, apenas algumas
mulheres realmente a utilizam em seu favor. E por quê? Porque somos educadas
para tal.
A sociedade é patriarcal. Os meninos
não devem chorar, porque isso é coisa de mulher, enquanto as meninas devem ter
filhos e não uma profissão. Assim, a ideia de cultura inclinada ao machismo é ensinada,
ainda que inconscientemente, desde cedo por meio de brincadeiras infantis e
famosos clichês, como: “Comporte-se como uma mocinha” ou “Menino é mais arteiro
mesmo.” Em outras palavras, homem pode tudo; mulher nem tudo.
É nessa ideia internalizada de
sociedade patriarcal que muitas mulheres suportam a violência doméstica. O medo
da denúncia e de uma possível reação viril do companheiro levam a mulher a justificar
o estupro dizendo que ela deve ter feito algo para “merecer” esse castigo. Nessa
onda de medo, muitas mulheres encontraram nas redes sociais uma maneira sutil
de denunciar as situações machistas a que são expostas.
Utilizando #meuamigosecreto, situações
de machismo cotidiano foram expostas no Facebook. Dentre essas, estavam desde
cantadas na rua e demissões devido à gravidez até estupro e tentativas de
homicídio. Outra situação bastante exposta e comentada foi referente ao direito
ao aborto, bastante difundida pelo dizer: “Meu corpo, minhas regras”. Essa
manifestação tomou mais força quando o presidente
da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, lançou o projeto de lei 5069/13, que sugere um maior rigor na punição ao aborto.
“Não acredito que
estou protestando por isso em pleno 2015” é o que dizia o cartaz de uma
manifestante. As lutas feministas tiveram início no final do século XIX e
início do XX na busca pelo direito ao voto. Depois vieram as questões relativas
à conquista da mulher no ambiente de trabalho e hoje a luta maior é em relação
à violência doméstica. O foco muda com o passar dos anos, mas infelizmente
ainda há muito que se discutir para se entender sobre igualdade de direitos.
Até lá, o sexo frágil continuará nas ruas e redes sociais por um mundo um pouco
mais cor de rosa choque.
Texto muito realista, a luta não pode parar. Parabéns Renata, você escreve muito bem! Um abraço!
ResponderExcluirMuito obrigada, Lara! Abraço!
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