sábado, 18 de julho de 2015

Uma bedra uo meio do acminho



Cerca de 5% de crianças e adolescentes em todo o mundo terão dificuldade de ler este artigo. As letras se misturam numa espécie de caos ao invés de unirem-se formando palavras com sentidos claros. O “p” parece o “b”, o “n”, o “u” e a ordem de algumas letras não combina com o som. Considerado um dos transtornos de aprendizagem mais comuns, a dislexia está há anos nas salas de aula.
Ao contrário do que se possa pensar, a dislexia não é resultado de uma má alfabetização, baixa inteligência, falta de atenção ou motivação. Ela é uma condição hereditária com alterações genéticas. A pessoa apresenta uma certa incapacidade de sequenciar letras ou eventos, escrevendo trocando ou invertendo letras e contando uma história sem uma ordem cronológica exata. Os erros de leitura e escrita são freqüentes.
Seguir instruções também pode ser um grande problema. Uma orientação muito longa pode ser difícil de acompanhar, portanto, ao invés de dizer tudo de uma só vez: “Filho, por favor, vá até o seu quarto e me traga seu uniforme da escola que está na cadeira do lado da cama para eu lavar.”, divida a oração em várias frases curtas: “Filho, traga seu uniforme, por favor.”, “Ele está no seu quarto”, “Na cadeira ao lado da cama.”
De acordo com a Associação Brasileira de Dislexia, o diagnóstico da condição deve ser feito por uma equipe multidisciplinar para que se possa descartar fatores como déficit intelectual, deficiências auditivas e visuais, lesões cerebrais, desordens afetivas e outros distúrbios de aprendizagem, como o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).
A dislexia não deve ser vista como uma falha do sujeito, mas como uma dificuldade que pode ser amenizada com a atenção e apoio conjunto dos pais e professores. Uma criança que é motivada a aprender sente-se mais autoconfiante e apresenta um maior interesse e empenho na aprendizagem. Toda criança deseja aprender, portanto, as dificuldades não devem ser vistas apenas como erros, mas compreendidas. Lembre-se: o disléxico também tem sua própria lógica, sendo muito importante o bom entrosamento entre ele e seus pais, professores e colegas de sala. 

sábado, 4 de julho de 2015

Quando a piada machuca



“O motorista do ônibus disse: “Até amanhã, Daniel!”, ao que ele disse ao motorista: “Você não vai me ver amanhã.” Essas foram algumas das últimas palavras de Daniel, um adolescente norte-americano de 16 anos que cometeu suicídio após sofrer anos sendo vítima de bullying na escola. O vídeo com o relato da mãe sobre a perda de seu filho teve milhares de visualizações e foi amplamente compartilhado no facebook nessas últimas semanas. Mas afinal, o que é bullying?
Bullying é um termo criado por Dan Olweus, professor e pesquisador em psicologia, para designar uma provocação ou intimidação. Atualmente é usado para designar um assédio moral, físico ou verbal, dentre crianças e adolescentes no ambiente escolar. Sabe aquela velha brincadeira de mau gosto? Então, é isso aí.
Basicamente, são aqueles apelidos “carinhosos”: baleia, quatro olhos, Olivia palito. “Mas então todos sofremos bullying?” Não. Essa “brincadeira” só passa a ser uma ameaça quando a vítima se sente ofendida. Para isso, há de se ter um olhar atento para ver se a criança está quieta por aceitar o apelido como uma brincadeira ou por medo do agressor.
Existem três agentes no bullying: o agressor, aquele que ameaça com as piadas; a vítima, que sofre o assédio; e o espectador, que geralmente não reage por medo de se tornar a próxima vítima. Esse ataque psicológico pode ser visto como uma maneira de canalizar a agressividade em um “alvo” para fugir daquilo que nos amedronta. Em outras palavras, quem pratica o bullying com a intenção de machucar, na verdade está tentando se defender de um medo próprio antes que os outros descubram seu ponto fraco e possam lhe atacar. Esse chamado “alvo” costuma ser aquela pessoa “boazinha” sem muita atitude, que provavelmente receberá todas as ameaças calada.
As consequências de um bullying contínuo incluem o sentimento de inadequação, baixa autoestima, insegurança, isolamento social, tristeza e até mesmo o desenvolvimento de transtornos psicológicos, como ansiedade e depressão. Em casos sérios, nos quais a vítima não consegue pedir ajuda por medo do julgamento alheio, essa brincadeira de mau gosto pode levar uma pessoa ao suicídio. Portanto, há de atentar-se para ver se o “gordinho” realmente não se importa de ser chamado assim.