sábado, 26 de setembro de 2015

Afinal, por que buscamos tanto essa tal de felicidade?


Somos carentes. Vivemos da falta, do vazio, da saudade. Sempre temos aquele “buraco” para preencher. Chamamos de fome, sono, paixão, saudade... menos de carência. Isso porque não queremos admitir esse sentimento. Preferimos viver preenchendo-o com doces, novelas e relacionamentos curtos do que reconhecer que esse buraco é parte de nós.
Acredite: todos têm esse vazio. Tal pode ser visto na constante busca da tal da felicidade. Ninguém a alcançada, pois ela é a completude em si. Buscar a felicidade é querer sentir-se completo, é atingir a perfeição. Em última análise, é utópico.
Essa falta é útil. Tal espaço pode ser preenchido por diversas coisas, variando com cada situação. Pode ser um abraço de um amigo que mora longe, aquele bolo de cenoura da sua mãe ou simplesmente a companhia dos amigos no fim de semana.
A felicidade nunca será alcançada, pois ela acontece constantemente cada vez que encontramos algo para preencher temporariamente esse vazio. É clichê porque é verdade: a felicidade está nas pequenas coisas. Só não enxergamos isso porque buscamos a grandeza, queremos sempre mais, desejamos o melhor.

Já dizia Freud: “Nós poderíamos ser muito melhores se não quiséssemos ser tão bons.” Não procurar é aprender a viver, é conseguir entender que a felicidade não é o pote de ouro, mas sim o próprio arco-íris. Ela é o eterno equilíbrio de preencher e esvaziar aquele “buraco” no peito para poder completá-lo temporariamente com o que você necessita no momento. É saber-se carente e abraçar essa falta, que é cheia dela mesma.

sábado, 12 de setembro de 2015

Filho, cadê meu livro de colorir?


Atualmente existem mais de 50 mil publicações de fotos do livro de colorir “Jardim Secreto” no Instagram. Mas por que um simples livro de colorir anda fazendo tanto sucesso? O segredo desse jardim é seu público: quem anda colorindo são os adultos.
A velha brincadeira de criança tomou conta das redes sociais e se tornou um “fenômeno”. O motivo? Colorir é uma atividade lúdica. Segundo o psicanalista Winnicott: “É no brincar, e somente no brincar, que o indivíduo, criança ou adulto pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral: e é somente sendo criativo que o indivíduo descobre o eu (self).”
Além de descobrir seu eu e desenvolvê-lo, a atividade lúdica, ou o brincar, tem um efeito “antiestresse”, servindo como válvula de escape para a correria cotidiana. Um livro em preto e branco lhe dá diferentes possibilidades de preenchimento dos vazios: os do livro com cores e o vazio interior com criatividade.
A retomada da atividade infantil pode ser vista como uma fuga à infância, período geralmente subestimado pelos adultos. Há estudiosos que justificam esse fenômeno pelo fato de a escola “matar” a criatividade. No ambiente escolar as disciplinas valorizadas são aquelas cobradas no vestibular, enquanto as artes e a educação física ficam em segundo plano. Assim, crescemos desvalorizando esse espaço artístico, o que faz falta mais tarde.
A grande fuga dos adultos está nas artes: cinema, literatura, música e pintura. Quem nunca ouviu uma música para relaxar? Ou assistiu a algum filme e “esqueceu” da vida durante duas horas? Winnicott dizia que a atividade lúdica é prazerosa e tem a capacidade de entreter o indivíduo em um clima de entusiasmo. É por isso que colorir é tão “viciante”.
Por fim, brincar é bom, pois é uma maneira de canalizar a frustração do dia a dia sem ferir alguém. É uma possibilidade de deixar a raiva e o estresse fluírem naturalmente, de uma maneira socialmente aceitável, além de sentir-se pertencente ao grupo das pessoas que buscam essa forma de prazer.