segunda-feira, 19 de junho de 2017

Quando eu fiquei doente de tanto trabalhar


Parece mentira, mas muitas pessoas estão adoecendo devido às constantes exigências cada vez mais complexas do mercado de trabalho. Você precisa se especializar cada vez mais, falar ao menos dois idiomas e conseguir cumprir metas quase irrealistas... tudo para manter o emprego. Acontece que a antiga definição de trabalho, do latim, tripalium, tortura, voltou com toda a força e as pessoas voltaram a adoecer não só física, mas psicologicamente.
A Síndrome de Burnout é uma resposta do organismo a situações de estresse contínuas no ambiente de trabalho. É o famoso estado de esgotamento. A sociedade capitalista demanda um giro de mercado acelerado e a geração de empregos está intimamente ligada à produção. Na tentativa de manter um emprego, as pessoas podem desgastar-se física e mentalmente tentando obter cada vez mais resultados e mostrar maior desempenho.
A carreira é determinante na vida para o sujeito inserido em uma sociedade. O trabalho representa seu papel social e sua função para construção de identidade. O emprego garante seu status social, portanto, mesmo descontente e sofrendo, o sujeito continua trabalhando. Forma-se, então, um círculo vicioso, onde o estresse e as cobranças da organização afetam os profissionais e estes afetam a empresa, tendo dificuldades de trabalhar em seu potencial máximo.
Apesar de ser uma doença relacionada ao trabalho, ela afeta a vida pessoal e os sintomas prejudicam a qualidade de vida como um todo. Esses variam entre dores físicas, como cefaleia, gastrite, mal-estar, e alterações psicológicas, como oscilações de humor, problemas de sono, dificuldade de concentração, entre outros. De modo geral, é um grito de socorro do seu corpo.
O cérebro também precisa de descanso. O cansaço acumulado e o estresse constante alteram conexões cerebrais, fazendo-o sentir os sintomas já listados acima, além de contribuir para o envelhecimento. A síndrome de Burnout é um transtorno psicológico e como qualquer doença, há tratamento. A diferença é que o princípio ativo é o próprio sujeito. A medicação alivia os sintomas, mas somente quem sofre pode mudar a maneira de “se matar de trabalhar”.