sábado, 24 de outubro de 2015

“Jovens há mais tempo” no divã



Crochê? Eu quero é ir ao baile! Estatísticas indicam que a população idosa vem aumentando a tal ponto que em 2020, o Brasil será o sexto país do mundo em número de idosos, com um contingente superior a 30 milhões de pessoas. O envelhecimento tem um grande impacto na vida da pessoa devido às transformações comuns da idade, como as mudanças no corpo, na memória e nas relações sociais que fazem emergir novas emoções e sentimentos. É nesse contexto que muitos idosos procuram a psicoterapia para lidarem com a “melhor idade”.
Nesse turbilhão de mudanças e novas limitações, a população idosa busca entender-se para adaptar-se a um novo modo de vida. Os idosos procuram uma atividade física, um hobby, um baile e um divã. Eles procuram qualidade de vida e querem já, assim como adolescentes. Eles vivem uma nova “juventude”, onde buscam companhia, divertimento e aprendizagem.
De aprender algo novo a compreender como lidar com as diversas perdas sofridas ao longo da vida, muitos “jovens há mais tempo” estão buscando a psicoterapia. A Associação Americana de Psicologia (APA) estabeleceu algumas diretrizes para a prática psicológica no que diz respeito ao atendimento com idosos que incluem propostas de intervenções no formato de grupos. Alguns benefícios desses grupos terapêuticos são a análise das expectativas pessoais e grupais, avaliando as próprias realizações e competências, o que ajuda a melhorar a autoestima, garante o sentimento de pertencimento e proporciona elementos para autoconhecimento do indivíduo.

O atendimento psicológico pode ser feito em grupo ou individualmente, dependendo da demanda da pessoa. O importante é saber que quanto mais elevados a autoestima e o sentimento de autorrealização, mais saudável é o processo de envelhecimento. É uma simples questão de acrescentar vida aos dias ao invés de dias à vida. 

sábado, 10 de outubro de 2015

Que corpo é este?


Dyson nasceu menino, mas com dois anos e meio começou a querer usar vestidos de princesas. Coy com um ano e meio já se recusava a usar roupas de menino. No domingo passado, o Fantástico apresentou uma reportagem falando sobre os transgêneros: “pessoas que possuem o sexo biológico em não conformidade com seu sexo psicológico”. De modo geral, o corpo deles não os representa.
Os transgêneros vivem um drama existencial por terem a sensação de que nasceram no corpo errado. O cérebro os vê de uma maneira, enquanto as características biológicas apontam para outro gênero, o que gera uma angústia de não pertencimento a uma identidade socialmente aceitável. Para lidar com essa situação, esses indivíduos começam a se comportar da maneira como se sentem; o menino escolhe vestidos, enquanto a menina prefere bermudas. Mais tarde, eles podem recorrer a cirurgias plásticas para a mudança de sexo e terapias hormonais.
A grande questão, no entanto, é como lidar com os transgêneros. Refiro-me à pessoa por “ele” ou “ela”? O sujeito usará o banheiro masculino ou feminino? Condutas cotidianas passam a ser questionadas e o estigma social masculino/feminino parece não fazer mais tanto sentido. Desse modo, a compreensão de que cada um se vê e se comporta de uma determinada maneira é essencial para aceitar as diferentes identidades.

O respeito e o diálogo são imprescindíveis no entendimento dos diversos modos de ser das pessoas. Os trangêneros demonstram a não conformidade entre mente e corpo desde a primeira infância. Um olhar atento dos pais e a oportunidade de deixar a criança se mostrar como realmente se sente abre caminhos ao diálogo e consequente construção de um modo de lidar com o transgênero. Afinal, quem melhor do que eles mesmos para nos dizer se quer ser chamado de Maria ou de João?